quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
domingo, 7 de dezembro de 2014
quarta-feira, 3 de dezembro de 2014
O Cantar das Janeiras dos Reis e ao Menino Deus
O Cantar das Janeiras e Reis, não são mais do que tradições
que se perderam no tempo e hoje são trazidas à revivência pelos Agrupamentos de
Folclore e também alguns Grupos de Musica Tradicional Portuguesa. Como devem
saber antigamente, estamos a recuar no tempo há 150 anos atrás, Cantavam-se as
Janeiras e Reis, porta à porta para saudar as pessoas com a chegada do Ano Novo,
por isso as quadras chamadas de "Vivas", Assim o manifestam: Viva lá
Senhor António….. Ou Viva lá Senhora Maria...... Portanto como estava eu a dizer era
uma forma de saudar as pessoas com a chegada do novo Ano e também com o
objectivo de tentar recolher nessas noites 31 e 5, dádivas, que na sua maioria
eram feitas em géneros: Morcela, Chouriço, Toucinho, tudo o que havia de novo
no fumeiro ou na salgadeira, não podia também faltar o vinho novo e adocicado
ou ainda alguns cereais.
Os Cantares ao Menino Deus ou Os Cantares do Ciclo Natalício
são diferentes, não são mais do que Cânticos do tempo litúrgico dos III e IV Domingo
do Advento, Natal (Missa do Galo) e até ao dia de Reis. Este será o enquadramento
naquilo que efectivamente os nossos antepassados viveriam (testemunhos directos
e bibliográficos).
O que se passa hoje, em termos de representação, é que
muitos grupos não sabem fazer a separação, sabendo que ambas se enquadram na
época do Natal, Uma será mais profana (Cantar as Janeiras ou Reis) e outra mais
Religioso, Hoje mistura-se tudo no mesmo saco, até porque há grupos que não têm
reportório para cada umas das partes e às vezes acaba-se por não fazer o devido
enquadramento das peças apresentar. Concluindo, há trabalhos fantásticos nesta
área por alguns Grupos de Folclore bem enquadrados, mas há outros que deixam
muito a desejar.
Autor do texto ; Sérgio Da Fonseca
Autor do texto ; Sérgio Da Fonseca
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Etnográfico ou Folclórico
Já por diversas ocasiões fiz saber que não sou versado em
nada no que diz respeito a estes assuntos intrinsecamente ligados à
Antropologia Cultural (bem que gostaria), somente empresto a minha
disponibilidade, querer e paixão por tudo o que tenha a ver com a história
recente do nosso povo em geral e da minha comunidade em particular. Portanto,
quem com conhecimentos comprovados de causa me queira interpelar e emendar por
alguma coisa mal dita ou menos assertiva, faça o obséquio.
Faz-me uma confusão tremenda – palavra que faz – a constante
“guerra surda” travada no seio da comunidade que se dedica ao estudo,
preservação e representação das tradições populares, entre o “Folclórico” e o
“Etnográfico”, mais concretamente os grupos/ranchos folclóricos, os grupos/ranchos
etnográficos e também aqueles que se auto-intitulam de etnográficos e
folclóricos simultaneamente. Quer-me parecer que essa mesma confusão é
transversal a uma grande maioria das pessoas do movimento, embora não o
admitam. Eu tenho uma opinião formada sobre o assunto, contudo antes de a
emitir gostaria de deixar aqui bem explicito as definições de ambas as
palavras, transcrevendo sucintamente um apanhado de alguns estudiosos do ramo:
Folclore é o conjunto de tradições e manifestações populares
constituído por crenças e superstições, lendas, contos, provérbios, canções,
danças, artesanato, jogos, religiosidade, brincadeiras infantis, mitos, idiomas
e dialectos característicos, adivinhações, festas e outras actividades
culturais que nasceram e se desenvolveram com o povo. A palavra de origem
inglesa é formada pela junção de folk (povo) e lore (sabedoria ou
conhecimento). O folclore simboliza a cultura popular e apresenta grande
importância na identidade de um povo, de uma nação. Para não se perder a tradição
folclórica, é importante que as manifestações culturais sejam transmitidas
através das gerações.
Etnografia é o estudo descritivo da cultura dos povos, sua
língua, raça, religião, hábitos etc., como também das manifestações materiais
de suas actividades. É a ciência das etnias. Do grego ethos (cultura) + graphe
(escrita). A etnografia estuda e revela os costumes, as crenças e as tradições
de uma sociedade, que são transmitidas de geração em geração e que permitem a
continuidade de uma determinada cultura ou de um sistema social.
Direi então em jeito de resumo e muito sumariamente, que, o
Folclore é um conjunto de tradições populares e a Etnografia o estudo dessas
mesmas tradições.
Bom, então em que patamar ficamos na discussão? É mais
indicado acrescentar o “Folclórico” ao nosso conceito de grupo, ou por outro
lado o “Etnográfico" assenta melhor?
Respondendo ao anseio de muitos dos nossos amigos sobre
aquilo que melhor lhe convém, acho que muita gente faz a distinção entre uma
coisa e outra definindo os grupos da seguinte forma: Folclóricos são todos os
grupos que se apresentam de alguma maneira “despidos” de qualquer adereço que
vá para além do hábito de cada um dos seus elementos, fazendo por assim dizer,
uma apresentação baseada unicamente nas áreas da melodia, canto e dança. Por
conseguinte consideram etnográficos, todos os grupos que se façam acompanhar
dos tais adereços da sua vida quotidiana onde se incluem os artefactos de
trabalho e de índole pessoal. Volto a repetir para que não me apontem o dedo em
riste, que esta é uma opinião generalizada da malta do folclore, enquanto as
definições que atrás apresentei (Folclore e Etnografia) não são da minha
autoria, são definições avulsas nos diversos sites que qualquer um pode
livremente consultar.
A minha visão de um grupo representativo das tradições e
vivências dos seus antecessores é abrangente, na medida que deve englobar todas
as vertentes possíveis no mesmo quadro a apresentar em determinada iniciativa.
Ao visionarmos aquele conjunto que temos ali à nossa frente, devemos conseguir
entrar no mundo que cada personagem nos dá a entender, sem dificuldade de
maior. Se temos ali uma personagem que representa a figura de um pescador por
ex, devemos para além das vestes que usualmente utilizava, apresentar alguns
dos objectos que facilmente identificamos como pertencentes àquele mundo que facilmente
imaginámos. Devemos encontrar uma pessoa que saiba encarnar minimamente a
personagem que representa.
Ao observarmos aquele grupo, será desejável encontrar as
várias personagens que coabitavam num determinado espaço físico e temporal da
história de uma identificada comunidade, uma representação da sociedade da
época, com a sua diversidade e complementaridade social, as suas valências, as
suas diferenças. Devemos observar um grupo que se saiba posicionar e ocupar os
espaços convenientemente de forma sóbria e racional. Concluindo, o folclórico e
o etnográfico complementam-se, entrelaçam-se e são indissociáveis. Portanto e
por tudo o que até aqui argumentei, aceito melhor a designação de “Folclórico”
em detrimento do “Etnográfico”, se bem que o conceito está um pouco esbatido e
gasto pela péssima utilização a que tem estado sujeito nos últimos anos.
Texto de opinião de; Custódio Rodrigues
terça-feira, 18 de novembro de 2014
LENÇO DE TABAQUEIRO
Ninguém imagina certamente um agricultor de fato e gravata a
lavrar a terra ou um professor vestindo pijama na sala de aulas. Vem isto de
propósito do uso do lenço de tabaqueiro o qual muitas vezes ranchos e grupos
apresentam enrolado ao pescoço dos componentes masculinos . Outros porém em meu
entender de forma mais apropriada, optam por o ter no bolso com a ponta de fora , como
sucede com muitos ranchos e grupos de folclore.
O lenço tabaqueiro surgiu entre nós como um acessório, no
inicio do século XVII em consequência directa do consumo do tabaco, hábito
trazido pelos espanhóis do continente americano. O tabaco era consumido pelos
indígenas que acreditavam nos seus poderes medicinais, razão pela qual o consumiam
em ocasiões cerimoniais, o tabaco era mascado ou aspirado sob forma de rapé,
tornando-se um hábito social que perdurou até aos finais do século XIX altura
que se começou a generalizar o consumo do tabaco sob forma de cigarros.
O consumo do rapé consistia em levar o tabaco em pó às
narinas a fim de ser fortemente aspirado, gesto que provocava o espirro ou o
pingo no nariz, sendo estão considerado um óptimo estimulante nasal.
Esta
reacção requeria naturalmente o uso de um pano, geralmente de algodão, para
efeitos de higiene pessoal, passou a ser dobrado e guardado no bolso. Isto nada
tem a ver com costume entretanto surgido do uso de um lenço de seda ao pescoço,
o qual se apresenta em substituição da secular gravata, nem tão pouco o lenço
de cabeça outrora utilizado pelas mulheres.
Foi em Alcobaça que em 1774 se instalou em Portugal a
primeira fábrica de lenços, cambraias e fazendas brancas, ao tempo do reinado
de D. José I , razão pela qual esse género de lenço também é conhecido por « o
Alcobaça » . Ao longo do tempo produziu uma grande variedade de padrões, sendo
que geralmente apresentam fundo vermelho, azul ou amarelo, com barras brancas
de diversas cores.
Compreensivelmente, tratando-se de um objecto de higiene
pessoal, a ninguém lembraria enrolar ao pescoço o referido lenço que servia
para assoar o nariz do efeito provocado pelo cheiro do rapé. Mas com efeito
alguém teve a triste ideia, de o dobrar ao meio e atando-o ao pescoço , gesto
que se multiplicou por numerosos grupos e ranchos de folclore que o assimilaram
como se de algo genuíno se tratasse ou seja, ele fosse realmente usado ao
pescoço do homem no século passado. Quero dizer que os responsáveis desses
grupos não se deram ao trabalho de investigar, limitando-se a copiar aquilo que
simplesmente os impressionou e pareceu bem.
Do ponto de vista etnográfico, não pode o trajo com
referência a uma determinada época e região em concreto ser apresentado de uma
determinada forma ou ser-lhe acrescentado algo porque assim nos agrada, devendo
limitarmo-nos a identificar como as pessoas realmente se vestiam,
independentemente da eventual beleza e exuberância do vestuário que era usado,
como tal o lenço de tabaqueiro é apresentado por grupos folclóricos deve ser repensada!
segunda-feira, 3 de novembro de 2014
A palavra FOLCORE- Um pouco de História
Foi
em 22 de Agosto de 1846 que a palavra folk-lor,apareceu pela primeira vez num
artigo na revista inglesa ,The Athenaeum, subscrito por Ambrose Merton,
(pseudónimo de William Joohn Thoms, arqueólogo Inglês).
A
palavra Folk- lore,de conteúdo muito rico.( Folk-Povo=Lore= Saber) Saber do
povo( tradução para Português) provocou fulgurante aceitação e passou a designar a disciplina que estuda
todas as formas da cultura espiritual dos povos.
Com o decorrer dos tempos, as duas palavras
foram grafadas sem hífen, formando uma só, FOLCLORE, até que a reforma
ortográfica, substitui a letra “k“ pela letra “C” derivando a forma FOLCLORE.
Muitos
começaram a pesquisar e recolher nessa
estrita compreensão e a nova actividade, ligou-se intimamente á literatura como
escreve William Thorms trata-se de um “ interessante ramo de actividades
literárias “, embora advirta, seja mais propriamente um saber popular do que uma
literatura saber tradicional do povo.
A
própria pesquisa alargou o âmbito da observação ao elemento histórico.
Os
historiadores viram no Folclore um capítulo particular da história.
Aprofundaram-se as investigações e notou-se que o saber tradicional dos povos
não se reflectia apenas na literatura, havia também a sua experiência em outras
práticas associadas a um sem numero de manifestações. Nada disso se podia
alcançar sem conhecer o comportamento do homem nos seus conglomerados .
Em
1876 funda-se em Londres a primeira associação cientifica para o estudo do
Folk- Lore: Folk-lore Society,e dela fazem parte cientistas como Thoms Tylor e
Lang.
Em
1888 funda-se na América a American Folk-lore Society .
O interesse pelo Folclore alarga-se a todos os
continentes.
Em Portugal destacam-se entre outros, Teófilo
Braga, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, Rocha Peixoto, que com o seu
«gravador» papel e lápis percorrem o pais, pesquisando e recolhendo o saber do
povo ( Folclore).
Em
Portugal em 1923 aparece o primeiro grupo de folclore, Rancho Regional das
Lavradeiras de Carreço, fundado por Carlos Peixoto F. Sampaio poucos anos
depois por todo o Pais aparecem vários grupos, alguns com alguma verdade do
saber do povo,outros que se diziam de Folclore mas pouco ou nada
representativos da cultura do povo a que pertenciam.
Para
que haja verdade na representação do Folclore e da Etnografia é
preciso definir a aérea geográfica e a época que se pretende
representar, e é neste espaço geográfico e tempo que se deve pesquisar,
recolher, analisar, preservar e divulgar com toda a verdade.
Em
1977 é fundada a Federação do Folclore Português, que visa a valorização e
defesa do Folclore e da Etnografia
nacional, criar e manter estruturas técnicas de apoio aos grupos de
folclore, fomentar o intercâmbio entre os grupos nacionais e internacionais,
promover e divulgar estudos relativos ao Folclore Português e a formação de
museus dedicados á cultura popular.
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