sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Tenho que defender aquilo que é a identidade do Povo



Meus caros amigos tenho vindo a defender aquilo que é a identidade do Povo, e o que foi a vida dos nossos antepassados .Sobre isso não posso me calar, nem deixar que alguns tentem inventar aquilo que nunca foi a vivência de um povo. Talvez alguns menos atentos e menos interessados se interroguem como é possível eu saber um pouco das vivências desse passado, a resposta é simples, procuro falar com pessoas bastante idosas, visitando lares e centros de dia e pesquisando na Internet e bibliotecas, claro que perco um bom bocado do meu tempo mas sinto-me realizado e útil á sociedade pois, QUEM ESQUECE O SEU PASSADO NÃO TEM FUTURO e assim também dou o meu humilde contributo de forma a melhorar, aquilo que chamamos ETNOGRAFIA E FOLCLORE (Federado ou Não), tendo em conta a qualidade da representatividade.






Falar de etnografia e folclore é falamos da Identidade de um povo dos usos e costumes e suas tradições, onde estão representados os trajos as danças e os cantares, as romarias e os trabalhos, os momentos menos bons dos nossos antepassados, as brincadeiras, o artesanato, a religiosidade e as crenças!

O povo do passado era analfabeto, em 1910 em Portugal, praticamente 80% da população não sabia ler nem escrever, as mulheres não se vestiam como agora, nem se adornavam com pinturas ou tatuagens e picings, nem fumavam porque isso era um sacrilégio para uma mulher pobre, os homens muito menos, não usavam picings nem tatuagens, o barrete, chapéu ou a carapuça era usada na cabeça para protecção do frio no Inverno e do Sol no Verão, o lenço tabaqueiro, serviu nas suas origens para arrumar as folhas tabaco ( rapé) e servia para limpar o suor e NUNCA para se assoar o nariz, pois o povo fazia-o com os dedos, NUNCA servia para andar dobradinho e passado a ferro no bolso das calças.

O povo não dançava ao som de instrumentos de sopro, estes chegaram ao nosso país numa fase mais tardia, mas ao som de instrumentos de corda ou gaitas-de-beiços.

FOLCLORE não é fazer letras e musicas compostas para serem dançadas no tabuado, não são homenagens aos Santos da Terra, nem letras contra ou a favor do Regime, isto vigorou na ditadura Salazarista com cores garridas e danças adulteradas, bandeiras e fitas, letras elitistas, fardamento de igualdade representada.

Por isso aconselho que leiam a declaração de QUÉBEC 2008 da UNESCO, as obras de António da Rocha Madahil sobre o trajo na Beira Litoral, Pedro Homem de Mello e Tomaz Ribas, sobre a dança, os Cancioneiros de Teóphilo Braga, César das Neves, Afonso Lopes Vieira e Fernando Castro Pires de Lima sobre o Minho e Douro Litoral e o Cancioneiro de S. Simão de Novais e sobre  os instrumentos musicais populares portugueses, de Ernesto Veiga de Oliveira é também uma obra de referência. Aproveitem também estudando a obra VOZES DO POVO - FOLCLORIZAÇÃO EM PORTUGAL de Salwa El-Shawan Castelo-Branco & Jorge de Freitas Branco e percebem que fazer espectáculo e ter coreografias únicas não é FOLCLORE.

O povo NÃO escrevia, porque quem ceifava, também mondava, lavava, ia à feira, ia à romaria, todos os domingos ia à missa, muitas vezes com a roupa que usava durante a semana, com um xaile mais aprumado pelas costas e com um “lencito” melhor para não entrar na igreja com a cabeça descoberta, pois era uma falta de respeito para com Deus , poucos eram os que davam ao luxo de ter uma roupa diferente para o domingo, o povo era pobre. A burguesia (os ricos) não se misturava com o povo. Por isso acho que as pesquisas (junto de pessoas idosas que por ventura ainda existam desse tempo, quer em bibliotecas ou nas novas tecnologias) são um meio de nos informar com era a vida do povo nesse tempo, mas nunca nos esqueçamos de nos lembrar sempre daquilo que foi o povo. Se assim procedermos todos os que gostamos  de ETNOGRAFIA E FOLCLORE, estaremos a dar um grande contributo para mostrar a verdade de como era a vida do nosso povo nesses anos longínquos  e isolar esses “ inventores mentirosos ”  que proliferam por este pais e mundo  e que  andam a envergonhar constantemente os  nossos antepassados aonde que quer eles estejam. Com isto termino ficando com uma grande convicção, que  com este meu humilde contributo estou a contribuir para dignificar uma parte da nossa cultura e ajudar a divulgar pelos mais novos parte das nossas raízes. 
 

"Um povo sem conhecimento do seu passado histórico, origem e cultura é como uma árvore sem raízes"


Bob Marley