terça-feira, 13 de março de 2012

Como trajavam as crianças

 A maioria dos ranchos folclóricos nacionais apresenta, entre os seus elementos, crianças de tenra idade, colocando-se frequentemente a questão de como se devem trajar.Existem muitos estudos sobre os trajes regionais, no entanto, poucos abordam o trajo infantil.
Em primeiro lugar, devo recordar que a maioria da população portuguesa, até meados do sec.xx, vivia sobretudo da agricultura e da pesca. Era uma população com poucos recursos, para quem os filhos significavam riqueza, mais braços para trabalhar e para contribuírem para o rendimento familiar.
Às raparigas, desde cedo, eram atribuídas tarefas domésticas, cuidando da casa e .dos irmãos mais novos, quando não teriam mais de 7 ou 8 anos. Poucas eram as que frequentavam a escola ou aprendiam a ler, o que era considerado dispensável, já que, as  raparigas deviam ser preparadas para o trabalho doméstico, seu destino era casar e ter filhos.

Os rapazes mereciam tratamento diverso. Não lhes eram exigidas grandes responsabilidades, embora pudessem ajudar os pais na lavoura ou na faina. Normalmente, frequentavam a escola e continuavam a trabalhar na actividade da família. Quando a família tinha alguns rendimentos eram entregues como aprendizes a algum mestre de ofício, a quem pagavam, para que ao rapaz fossem ensinados os segredos de uma determinada profissão.
 
Mas, como trajavam estas crianças?




Os fracos recursos promoviam a reciclagem das roupas e muitas vezes possuíam apenas uma muda de roupa, que era lavada à noite quando se deitavam, para que secasse e pudesse ser vestida na manhã seguinte.
A roupita melhor era guardada para dias especiais e de festa.
Muitos só conheciam sapatos quando entravam para a escola ou ainda mais tarde. Andavam muitas vezes descalços, com uns socos de madeira ou chancas ou com umas alpercatas de tecido ou couro.
Frequentemente os trajos das crianças não eram mais que miniaturas dos trajos dos adultos.
Era habitual que as roupas dos pais e irmãos mais velhos passassem para as crianças, depois de devidamente adaptadas. Da camisa velha do pai era feita uma nova para o filho ou adaptava-se um vestido da filha mais velha para que a mais nova pudesse ter um vestido novo do dia da festa da aldeia.
Assim se vivia, com pouco, do qual se fazia muito.