domingo, 15 de fevereiro de 2015

Michel Giacometti - Vida e Obra



Michel Giacometti  foi um musicólogo etnógrafo francês que chegou ao nosso pais em 1959 a sua educação e a sua personalidade ajudaram-no a saber aproximar-se de todas as categorias sociais, vivia em Paris e lá tinha amigos intelectuais, alguns famosos mas não se sentia bem porque não tinha dinheiro e, sobretudo, por se sentir mais mediterrânico do que parisiense, isso foi um dos motivos que logo o fez apaixonar pelo nosso país, foi juntamente com Alexandre Tropa o que mais  contribui para o património etnofolclórico   português percorreu Portugal desde o Minho ao Algarve passando pelas ilhas procurando saber como  eram as vivências do povo e as suas tradições. Faleceu em 1990. 
Michel Giacometti  esteve sempre ligado a pessoas próximas do PCP embora não fosse militante,  e quando faleceu, em 1990 – pediu para ficar sepultado na aldeia alentejana de Peroguarda, o seu caixão foi coberto com a bandeira do partido comunista .Gostava de defender os fracos.
Deixou um enorme património e muito rico ainda hoje muitos estudiosos da causa etnofolclórica pesquisam  nos seus documentos e seus  vídeos  maravilhosos,  que não são mais que uma espécie de Bíblia do etnofolclórico e não é por acaso que muitos coreógrafos de renome tem aproveitado esses vídeos para fazer belíssimos trabalhos de representação entre  muitas das suas recolhas.

  Contudo, Michel Giacometti elaborou também uma extensa recolha de tradições médicas publicadas em várias revistas e livros.  Não podemos esquecer uma das suas  obras ;  Artes de Cura e Espanta Males – Espólio de Medicina Popular que é fruto das recolhas realizadas no âmbito do Serviço Estudantil «Plano Trabalho e Cultura» que Michel  Giacometti criou e dirigiu em 1975.Possuía um surpreendente património ancestral respeitante a formas de espantar males, até serem descobertas formas inovadoras de tratar sarna, verrugas, hemorróidas, apoplexia, etc.».
De recordar que uma das grandes preocupações de Michel Giacometti na investigação dos dados da medicina popular era a própria abordagem ao tema no seio das populações. Tudo, porque os cuidados de saúde eram, frequentemente realizados na intimidade familiar porque a doença isola o Homem e o seu corpo da sociedade e, ao privar o homem do seu instrumento de trabalho, a doença conduzia, frequentemente, à miséria.

 Deste modo, o musicólogo etnógrafo aconselhava os pesquisadores de campo a abordar este tema através das mulheres de família, uma vez que era a estas que cabia a função de cuidar dos filhos e de tratar os doentes quando o tratamento médico especializado não era acessível.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Tradições de Natal em Portugal: Cantar as Janeiras



Associados à quadra natalícia, vamos encontrar as Janeiras e os Reis, que representam peditórios cantados na noite de Natal, de Ano Novo e de Reis. A entoação dos cânticos tem por finalidade receber dádivas que se revestem de um carácter alusivo e propiciatório, a remeter-nos, como noutras celebrações, para tempos remotos, em que se celebravam deuses e divindades pagãs ou eram pedidas ou oferecidas dádivas no início do ano comum, símbolo de bom augúrio, quer para quem as pedia, quer para quem as doava. O costume, espalhado ainda hoje por toda a Europa, em países como Portugal, Espanha, França, Itália, Alemanha, entre outros, continua a celebra-se, com os seus seculares cânticos de religiosidade popular e festiva. 

 As Janeiras ou Cantar as Janeiras é também uma tradição em Portugal que consiste na reunião de grupos, homens e mulheres, que se passeiam pelas ruas no início do ano, cantando de porta em porta e desejando às pessoas um feliz ano novo. Ocorrem em Janeiro, o primeiro mês do ano. Supõe-se que esta tradição está relacionada com cultos pagãos, desenrolando-se no mês do deus romano Jano, de Janua, que significa Porta, Entrada. Esta figura da mitologia romana, representada com duas caras, encontra-se fortemente ligada à ideia de entrada, mas muito em especial, à noção de transição, de conhecimento do passado e do futuro.    
A origem da tradição de cantar as Janeiras não se pode, contudo, dissociar-se da penúria em que as pessoas viviam encontrando nesta, e noutras manifestações semelhantes, a forma de obterem uma dádiva, principalmente vinho e alimentos dos senhores abastados, sem que com isso se sentissem humilhadas. Por isto, cantavam as Janeiras num misto de religiosidade, atendendo à época em que são cantadas, e de ironia e mordacidade sempre com um apelo à dádiva de comes e bebes. No decorrer das cantorias eram invocados os nomes do dono e da dona da casa, e de alguma outra figura que tivesse preponderância familiar. Hoje em dia a tradição consiste num grupo de amigos ou vizinhos que se juntam, com ou sem instrumentos, no caso de os haver são mais comuns os folclóricos: pandeireta, bombo, flauta, viola, etc. Depois de o grupo feito, e de distribuídos as letras e os instrumentos, vão cantar de porta em porta pela vizinhança. Terminada a canção numa casa, espera-se que os donos tragam as janeiras - castanhas, nozes, maçãs, chouriço, morcela, etc. por comodidade, é hoje costume dar-se chocolates e dinheiro, embora não seja essa a tradição.