Sabemos e defendemos que
preservar a tradição não significa ser retrogrado nem oposição ao modernismo ou
aos avanços tecnológicos que revolucionaram o mundo. Mas é antes preservar um
enorme manancial de saberes acumulados e a identidade de um povo ou de uma
cultura.
Numa perspectiva filosófica e na
sequência do historicismo europeu de Benedetto Croce e Schleiemacher, segundo
Pires (1795-1983) o conceito de tradição desempenha um papel bastante
importante uma vez que o Homem e a História são dois pólos interligados, pois para
pensar a História, o homem não pode sair desse campo, dado que o conhecimento e
a compreensão que o homem tem de si, da natureza e da história, mergulham na
tradição.
Verifica-se assim que a tradição é
necessária á compreensão do ser humano, pois cada homem nasce e cresce numa
cultura, fala uma língua que já por si, veicula uma visão da realidade.
A tradição possibilita a compreensão
e porventura, pode limitar. A tradição não é algo puramente objetivo frente ao
homem; ela constitui o próprio ser do homem. É partindo deste pressuposto que a
tradição possibilita ao homem compreender e aceitar a sua situação histórica.
No entanto a tradição é entendida como uma norma absoluta de verdade, como
autoridade inviolável em filosofia, em ciência mas que paralisa o pensamento e
a evolução pois o homem pensa no presente. O presente é carregado de passado.
Mas a tradição que não é portadora de futuro, em vez de abrir, fecha o
horizonte de compreensão e impossibilita o diálogo com a história e com a comunidade
humana.
Do Livro;
“O Sagrado no Imaginário
Barrosão”
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