Ultimamente
a palavra INOVAR anda de boca em boca de todos os que se movimentam no seio
movimento folclórico português pergunta-se porque?
As
representações actuais dos grupos e ranchos folclóricos aos olhos dos mais
jovens dão uma ideia que a vivência dos nossos antepassados eram um vivência de
borga de folia de gozo, por isso se fala que é de mais elementar inovar as
representações dos ranchos e grupos de folclore, (reparasse que se diz; inovar
as representações e não inovar as representações e alterar como eram as vivências dos nossos antepassados).
Pois muitos jovens questionam se a vida dos
nossos antepassados era só dançar e cantar.
Nós mais velhos que tivemos
contacto com gente mais velha temos a obrigação de explicar aos mais jovens como
eram essas vivências os usos e costumes e tradições e representar mais fielmente
essas vivências dos nossos antepassados, explicar que era uma vida de trabalho árduo,
que começava antes de nascer o sol e se estendia até depois algumas horas de
por o sol e os momentos de alegria e de dança se dava depois de um dia árduo de
trabalho, era essa a maneira de se expressar pelo regozijo do trabalho profícuo
de um longo dia trabalho, muitas das vezes era para afastar o cansaço e o
stress para que o dia seguinte fosse encarado com mais vontade de um novo dia
de trabalho, claro que havia os momentos de lazer que era ao domingo á tarde á
porta da igreja aonde muitos rapazes iam ver sua namorada no fim de mais uma acção
de graças, como também havia momentos para o canto e a musica mas ai era no fim
de uma cegada ou apanha do milho ou numa malha ou vindima, como também podia
ser numa sacha de milho, aonde se cantava para que o tress e o cansaço fosse
esquecido.
(Ainda hoje nos nossos trabalhos cantamos para nos aliviar e regozijar
pelo trabalho que fazemos e algumas vezes somos questionados por colegas, que
nos dizem quando cantamos que “o trabalho está a correr bem”, ou cantamos para
esquecer uma coisa que nos corre mal, ai ouvimos alguém dizer; “quem canta seu
mal espanta”).
Também no passado se cantava durante o trajecto que se fazia á capela
do santo para pagar a promessa e agradecer pela cura de uma maleita ou pelo
agradecimento de uma boa colheita ou até pelo nascimento de um animal, no fim
do pagamento comiam o farnel que levavam e ai havia então mais uma dança ao som
de uma viola ou cavaquinho ou até de um harmónio muitas das vezes até descambava
uma zaragata pois quando um rapaz via sua namorada ser cortejada por outro. Havia
também os momentos de tristeza e dor quando falecia um parente seu ou lhe
morresse por doença um boi ou vaca ou outro animal domestico.
Por isso se diz
que se precisa de inovar as representações que temos vindo a fazer, pois carecem
uma inovação com coragem que englobe todas estas vivências atrás descritas mas
isso terá de passar antes da realização das mesmas por uma explicação a quem
está assistir a essas representações por gente que apresenta e que esteja bem
informada desses tempos ancestrais, se assim fizermos com certeza que se passa o
espolio de legado que os grupos e ranchos folclóricos possuem aos mais jovens
com autenticidade, mas temos de o fazer urgente porque o tempo urge. Porque se
não os jovens e os vindouros não nos irão perdoar pois como diz um etnólogo e
historiador “ passamos a ser um povo sem passado e sem entidade”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário