domingo, 9 de março de 2014

Inovar sem Alterar .......



Ultimamente a palavra INOVAR anda de boca em boca de todos os que se movimentam no seio movimento folclórico português pergunta-se porque?


As representações actuais dos grupos e ranchos folclóricos aos olhos dos mais jovens dão uma ideia que a vivência dos nossos antepassados eram um vivência de borga de folia de gozo, por isso se fala que é de mais elementar inovar as representações dos ranchos e grupos de folclore, (reparasse que se diz; inovar as representações e não inovar as representações e alterar como eram as vivências dos nossos antepassados).

   Pois muitos jovens questionam se a vida dos nossos antepassados era só dançar e cantar. 

Nós mais velhos que tivemos contacto com gente mais velha temos a obrigação de explicar aos mais jovens como eram essas vivências os usos e costumes e tradições e representar mais fielmente essas vivências dos nossos antepassados, explicar que era uma vida de trabalho árduo, que começava antes de nascer o sol e se estendia até depois algumas horas de por o sol e os momentos de alegria e de dança se dava depois de um dia árduo de trabalho, era essa a maneira de se expressar pelo regozijo do trabalho profícuo de um longo dia trabalho, muitas das vezes era para afastar o cansaço e o stress para que o dia seguinte fosse encarado com mais vontade de um novo dia de trabalho, claro que havia os momentos de lazer que era ao domingo á tarde á porta da igreja aonde muitos rapazes iam ver sua namorada no fim de mais uma acção de graças, como também havia momentos para o canto e a musica mas ai era no fim de uma cegada ou apanha do milho ou numa malha ou vindima, como também podia ser numa sacha de milho, aonde se cantava para que o tress e o cansaço fosse esquecido. 


 (Ainda hoje nos nossos trabalhos cantamos para nos aliviar e regozijar pelo trabalho que fazemos e algumas vezes somos questionados por colegas, que nos dizem quando cantamos que “o trabalho está a correr bem”, ou cantamos para esquecer uma coisa que nos corre mal, ai ouvimos alguém dizer; “quem canta seu mal espanta”).

 Também no passado se cantava durante o trajecto que se fazia á capela do santo para pagar a promessa e agradecer pela cura de uma maleita ou pelo agradecimento de uma boa colheita ou até pelo nascimento de um animal, no fim do pagamento comiam o farnel que levavam e ai havia então mais uma dança ao som de uma viola ou cavaquinho ou até de um harmónio muitas das vezes até descambava uma zaragata pois quando um rapaz via sua namorada ser cortejada por outro. Havia também os momentos de tristeza e dor quando falecia um parente seu ou lhe morresse por doença um boi ou vaca ou outro animal domestico. 



 Por isso se diz que se precisa de inovar as representações que temos vindo a fazer, pois carecem uma inovação com coragem que englobe todas estas vivências atrás descritas mas isso terá de passar antes da realização das mesmas por uma explicação a quem está assistir a essas representações por gente que apresenta e que esteja bem informada desses tempos ancestrais, se assim fizermos com certeza que se passa o espolio de legado que os grupos e ranchos folclóricos possuem aos mais jovens com autenticidade, mas temos de o fazer urgente porque o tempo urge. Porque se não os jovens e os vindouros não nos irão perdoar pois como diz um etnólogo e historiador “ passamos a ser um povo sem passado e sem entidade”.

Nenhum comentário: