Meus caros amigos tenho vindo a defender aquilo que é a identidade
do Povo, e o que foi a vida dos nossos antepassados .Sobre isso não posso me
calar, nem deixar que alguns tentem inventar aquilo que nunca foi a vivência de
um povo. Talvez alguns menos atentos e menos interessados se interroguem como é
possível eu saber um pouco das vivências desse passado, a resposta é simples,
procuro falar com pessoas bastante idosas, visitando lares e centros de dia e pesquisando na Internet e bibliotecas, claro que perco um bom bocado do meu
tempo mas sinto-me realizado e útil á sociedade pois, QUEM ESQUECE O SEU
PASSADO NÃO TEM FUTURO e assim também dou o meu humilde contributo de forma a
melhorar, aquilo que chamamos ETNOGRAFIA E FOLCLORE (Federado ou Não), tendo em
conta a qualidade da representatividade.
Falar de etnografia e folclore é falamos da Identidade de um
povo dos usos e costumes e suas tradições, onde estão representados os trajos as
danças e os cantares, as romarias e os trabalhos, os momentos menos bons dos
nossos antepassados, as brincadeiras, o artesanato, a religiosidade e as crenças!
O povo do passado era analfabeto, em 1910 em Portugal,
praticamente 80% da população não sabia ler nem escrever, as mulheres não se
vestiam como agora, nem se adornavam com pinturas ou tatuagens e picings, nem
fumavam porque isso era um sacrilégio para uma mulher pobre, os homens muito menos,
não usavam picings nem tatuagens, o barrete, chapéu ou a carapuça era usada na
cabeça para protecção do frio no Inverno e do Sol no Verão, o lenço tabaqueiro,
serviu nas suas origens para arrumar as folhas tabaco ( rapé) e servia para
limpar o suor e NUNCA para se assoar o nariz, pois o povo fazia-o com os dedos,
NUNCA servia para andar dobradinho e passado a ferro no bolso das calças.
O povo não dançava ao som de instrumentos de sopro, estes
chegaram ao nosso país numa fase mais tardia, mas ao som de instrumentos de
corda ou gaitas-de-beiços.
FOLCLORE não é fazer letras e musicas compostas para serem
dançadas no tabuado, não são homenagens aos Santos da Terra, nem letras contra ou
a favor do Regime, isto vigorou na ditadura Salazarista com cores garridas e danças
adulteradas, bandeiras e fitas, letras elitistas, fardamento de igualdade
representada.
Por isso aconselho que leiam a declaração de QUÉBEC 2008 da
UNESCO, as obras de António da Rocha Madahil sobre o trajo na Beira Litoral,
Pedro Homem de Mello e Tomaz Ribas, sobre a dança, os Cancioneiros de Teóphilo
Braga, César das Neves, Afonso Lopes Vieira e Fernando Castro Pires de Lima
sobre o Minho e Douro Litoral e o Cancioneiro de S. Simão de Novais e sobre os instrumentos musicais populares
portugueses, de Ernesto Veiga de Oliveira é também uma obra de referência. Aproveitem
também estudando a obra VOZES DO POVO - FOLCLORIZAÇÃO EM PORTUGAL de Salwa
El-Shawan Castelo-Branco & Jorge de Freitas Branco e percebem que fazer
espectáculo e ter coreografias únicas não é FOLCLORE.
O povo NÃO escrevia, porque quem ceifava, também mondava,
lavava, ia à feira, ia à romaria, todos os domingos ia à missa, muitas vezes
com a roupa que usava durante a semana, com um xaile mais aprumado pelas costas
e com um “lencito” melhor para não entrar na igreja com a cabeça descoberta,
pois era uma falta de respeito para com Deus , poucos eram os que davam ao luxo
de ter uma roupa diferente para o domingo, o povo era pobre. A burguesia (os
ricos) não se misturava com o povo. Por isso acho que as pesquisas (junto de
pessoas idosas que por ventura ainda existam desse tempo, quer em bibliotecas
ou nas novas tecnologias) são um meio de nos informar com era a vida do povo
nesse tempo, mas nunca nos esqueçamos de nos lembrar sempre daquilo que foi o
povo. Se assim procedermos todos os que gostamos de ETNOGRAFIA E FOLCLORE, estaremos a dar um
grande contributo para mostrar a verdade de como era a vida do nosso povo
nesses anos longínquos e isolar esses “
inventores mentirosos ” que proliferam
por este pais e mundo e que andam a envergonhar constantemente os nossos antepassados aonde que quer eles estejam.
Com isto termino ficando com uma grande convicção, que com este meu humilde contributo estou a
contribuir para dignificar uma parte da nossa cultura e ajudar a divulgar pelos
mais novos parte das nossas raízes.
"Um povo sem conhecimento do seu passado histórico,
origem e cultura é como uma árvore sem raízes"
Bob Marley
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