Como
pessoa interessada e atenta aos usos, costumes e tradições dos nossos
antepassados, resolvi dar o meu contributo (e toda gente que gosta destes temas
também devia dar) para ajudar as organizações (Ranchos e Grupos Folclóricos)
que divulgam e representam os modos de vida dos nossos antepassados. Todos
sabemos que esses testemunhos desse tempo vão escasseando por isso à que juntar
todos os testemunhos disponíveis. Eu como pessoa que gosta de etnografia e
folclore, e que já passei por alguns ranchos folclóricos, além de ter feito
pesquisas através de conversas com pessoas idosas (e agora também com a ajuda
das novas tecnologias) e em conversas com gente jovem, cheguei a uma conclusão
a qual vou dividir em três vertentes.
Administração
ou Direcções das Organizações (Ranchos E Grupos Folclóricos)
Toda a
gente sabe que a maioria das administrações dos ranchos ou grupos folclóricos
são compostas por gente com pouca formação, gente de origens humildes que nem
tinham posses para estudar, gente que só pensava em trabalho para levar a vida
e que por isso não tinha tempo para pensar na sua formação. Por esses motivos
há várias administrações que gerem os ranchos ou grupos folclóricos como se
geria uma associação há 40 ou mais anos atrás. Assim, encontram grandes
dificuldades para se adaptarem ao modo atual de gerir e por conseguinte ter uma
boa administração.
É básico que se uma administração for
deficiente se percute por toda a organização e aí começam os problemas. Há jovens
que entram nestas organizações com um certo receio, quer pela inexistência de informação
dos vários órgãos de comunicação, quer por certas declarações que se fazem
tentando fazer do folclore “uma coisa parola”, por isso nunca chegam de início
a entrar com os dois pés, só se integrando em pleno passado algum tempo e se
por acaso encontrar dentro da organização quem os ajude, quem os motive e os esclareça.
Se por acaso dentro da organização houver problemas, a
sua saída é rápida e depois esses administradores não fazem uma análise
exaustiva a essa saída rápida dos jovens, desculpando-se dizendo que os jovens
não gostam de folclore isso é uma das piores desculpas porque tal como as
declarações depreciativas ao folclore isso vai aumentando a desconfiança de
outros jovens potenciais candidatos à entrada. Por isso é urgente mudar a forma
de dirigir.
Pouca
Democracia Dentro das Organizações (Ranchos e Grupos Folclóricos)
Com o decorrer da nossa vida e com os anos aumentar, vamos perdendo
faculdades que foram muito importantes nas nossas vidas.
Não é novidade nenhuma que há
dirigentes no movimento folclórico que perpetuam os seus cargos de dirigentes,
não se importando de renovar, dando uma ideia que eles são os donos da
organização, não admitindo opiniões diferentes das suas.
Por outro lado escondem dos componentes as
contas da organização e o que se paga às pessoas que desempenham diversos serviços
dentro da colectividade, muitas das vezes ouvimos alguns componentes dizer “ se
somos precisos para arranjar dinheiro também devemos saber o dinheiro que existe
“isto é mais uma prova que os dirigentes não devem esconder as contas e devem
apresentar regularmente as contas a todos os componentes, porque assim estarão
todos informados para quando surgir alguém que queira arranjar confusão estejam
melhor preparados para não permitir que isso aconteça, e assim vão-se cativando
os componentes mais jovens e integrando-os, e aproveitando-os para arranjar
fundos necessários para actividade da colectividade. Por isso á que realizar
periodicamente em conformidade com os estatutos eleições, e integrar jovens nas várias listas de
candidatos para que comecem a sentir a responsabilidade de dirigir, sabemos que
os jovens com a sua irreverencia e o seu modo de pensar mais actual e auxiliados
ela experiência dos mais velhos, iram com certeza trazer mais-valias e mais
inovações para concretizar novos projectos e novos desafios.
O
Desconhecimento dos Usos e Costumes e Tradições dos Nossos Antepassados
Como atrás apontei com o
passar dos anos da nossa vida vamos nos acomodando e julgamos que já ensinamos
tudo, puro engano.
Há muitos jovens interessados
pelo uso e costumes e tradições e logo por inerência pelo folclore, mas que
desconhecem totalmente usos e costumes e tradições dos nossos antepassados. Por
isso teremos de ser nós os mais velhos a explicar-lhes como eram esses tempos e
como se divertiam as pessoas, sem adulterar, para que assim consigamos ajudar
esses jovens a ter uma boa representação desses tempos.
Sabemos por outro lado, que
de vez em quando surge “gente” no movimento folclórico com ideias que nada tem a
ver com a vida dos nossos antepassados e como tal adulteram tudo.
Nalguns casos alguns há
conselheiros técnicos da estrutura federativa que rege o movimento folclórico, que
não tem formação para tal cargo ou desconhecem os usos e costumes ancestrais da
região.
A salutar rivalidade existente
alguns ranchos e grupos folclóricos em diversas regiões leva certos conselheiros
a tirar partido por certos ranchos ou grupos que por vezes até nem representam
melhor os usos e costumes e as tradições, levando que certas direcções ou administrações, com boas intenções
a ficarem desconfiadas com essas entradas na estrutura federativa e depois
houve-se dizer; “só é federado quem pagar jantares” “ a Federação não dá nada e
só quer dinheiro” que as melhores actuações são para os amigos“ etc.
Por isso a estrutura federativa terá também que
mudar a mentalidade de dirigir, há que promover vários encontros abertos nas diversas
regiões do pais para discutir os usos e costumes, tradições e os problemas do
folclore para que assim possamos esclarecer e ajudar os jovens e para os tornar
mais fortes e mais capazes de saber reconhecer como devem estar no folclore e
como o devem representar, para que os
“sabichões estilistas” que aparecem no folclore e que adulteram tudo,
sejam desmascarados, neste contexto a estrutura federativa as direcções e administrações dos grupos e ranchos tem um papel importante
de esclarecimento dos jovens e assim os ajudar na sua entrada plena no folclore.
Nota: Esta é a minha opinião é capaz de não
estar completa mas com a analise e discussão de todos os folcloristas
interessados estou ciente que poderá ser melhorada mas para isso peço a
contribuição de todos com humildade.
Por;Manuel Abreu Castro
Nota; ( Este artigo de opinião foi publicado no "Portal do Folclore Português")
Nota; ( Este artigo de opinião foi publicado no "Portal do Folclore Português")
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