É consensual que a existência de muitas horas entre a
chegada dos grupos ao local do espectáculo ou ao sítio pré-definido pelo grupo
anfitrião e o espectáculo propriamente dito, é extremamente doloroso para os
componentes dos grupos convidados e já não estou a referir-me à barbaridade de
obrigarem as pessoas a andarem trajadas uma série de horas seguidas, numa época
onde o calor se faz sentir intensamente. São importantíssimas as infra-estruturas
de apoio como os palcos/tabuados, equipamentos de som e as condições de
acondicionamento e conforto do público. Mas meus amigos, é de uma importância
extrema o espaço físico onde se realiza o espectáculo.
Desculpem-me a ousadia,
mas não faz qualquer sentido montar um palco no meio de um pavilhão, campo de
futebol e/ou outros espaços de grande dimensão, e colocar o público a 30/40/50
e às vezes mais metros de distância do objecto da sua presença no local.
Podemos até ter ali um fantástico tabuado e condições de som fantásticas, uma
recepção e jantar extraordinários aos grupos participantes, mas se não criar um
ambiente para que o evento seja sublime, pufff! Tudo o resto não serviu de
nada. Tem que existir uma empatia entre o público e o artista, uma ligação só
possível pelo contacto de proximidade. O público gosta de vibrar com aquilo que
vê e sente, os artistas sentem-se compensados com o afecto e carinho advindo do
reconhecimento pelo seu desempenho, portanto...
Não aceito que se diga que nem todos têm as mesmas condições
para fazer isto ou aquilo, neste caso não, porque é nas coisas mais simples que
encontramos o maior encanto. Às vezes não é necessário muito dinheiro para
elaborar um espaço para um festival de folclore, que pode muito bem decorrer
por ex. numa qualquer rua de uma das nossas típicas aldeias, naquele larguito
de casas caiadas a cal, de chão empedrado... Numa eira comunitária onde se
malhavam os cereais... Num... Na... !!! Haja imaginação e deixemo-nos de
formatos fora de moda, coisas sem sentido, para bem do folclore. O movimento
que nos une é de FOLCLORE e não de Faclore ou Foclor.
Não me estou a referir como é óbvio a nenhum evento em
particular, pois é do vosso conhecimento que aquilo que mencionei é o pão nosso
de cada dia no folclore.
Artigo de opinião de ; Custódio Rodrigues
2 comentários:
É com orgulho que verifico que a foto que faz referência ao bom exemplo é a do Festival de Folclore do grupo a que pertenço há já uma década. É uma forma de reconhecimento do nosso trabalho e dedicação e do nosso amor pela tradição.
Só quero referir,em minha opinião,claro, que cada vez é menos possível fazer uma pesquisa com a devida profundidade,que é a que é feita ouvindo as pessoas que foram personagens das respectivas vivências. Ouvir,comparar,estudar as situações.
Há sempre que pesquisar,pois mais vale pouco do que nada;E há tanta coisa que devia ser falada,debatida...
8/6/2016
LINO MENDES
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