Muito se tem falado ultimamente nas representações de
grupos e ranchos de folclore, mas claro acho que essa representação não se
baseia só nas danças e cantares mas também mas no trajar e tem havido uma
grande discussão á volta disto, principalmente sobre grupos e ranchos
folclóricos do Minho.
Sabemos que o
Estado Novo se aproveitou do folclore de uma maneira errada para mostrar aos
povos das outras nações do mundo que afinal não era bem assim o que diziam
sobre a vida dos portugueses, queria mostrar que o povo vivia bem e até tinha
grande riqueza, promoveu a mostra do ouro e os trajos que nada tinham a ver com
as vivências usos e costumes dos nossos antepassados, tudo isso era mentira,
pois fomos sempre um povo pobre humilde e trabalhador.
Claro com isso se
aproveitou um certo comércio sem escrúpulos para vender essa mentira aos
turistas que nos visitavam e ganhando muito dinheiro, mas será isso que devemos
agora em liberdade continuar a passar essa mentira?
Acho que não. Ainda há dias
vimos na TV que certo comércio sem escrúpulos e não olhando a meios a se
revoltar por certos grupos e ranchos corrigirem essa mentira preferem continuar
a esquecer as vivências dos nossos antepassados para ganhar dinheiro, quanto a
mim acho isso muito errado porque UM POVO QUE ESQUECE O SEU PASSADO NÃO TEM
FUTURO.
Por isso pergunto será correto as pessoas responsáveis pelo movimento
folclórico em Portugal se deixem embarcar nesse barco pirata? Mas é com
tristeza que noto que isso é uma realidade pois muita gente responsável do
movimento folclórico está a ceder a esses lóbis do comércio em troca de uma comissãozinha
e alguns até se tornam agentes comerciais promovendo a venda trajos e adereços
que mais não são uma aberração e uma mentira.
Todos temos visto na comunicação
social que há muitos países do mundo a fazer um esforço enorme para recuperar
as suas vivências usos e costumes e tradições e o nosso Portugal fazendo tudo
como sempre ao contrário. Acho que as pessoas honestas e as que estudam o nosso
passado e mesmo aqueles que de uma forma apaixonada estão no movimento folclórico,
devem vir a terreiro e denunciar estes lóbis pois é nosso dever pugnar pela
verdade ou então corremos o risco e ceder aos lóbis e enganando os nossos
vindouros fazendo-lhes crer que em Portugal eram todos ricos e que ninguém
precisava de trabalhar e que era só cantar e dançar e gozar.
Um comentário:
Sr Castro: os meus sinceros cumprimentos pelo seu blog e pelo carinho que demonstra ter pelo folclore. O que escreve é grande verdade, e não é só o comércio de "tralhas etnográficas" que tem as atitudes que tem, mas também o público do folclore. Faço parte da equipa que criou, vai para três anos, o Rancho Folclórico do Agrupamento de Escolas de Ponte da Barca. Quando definimos o traje, decidimos que não ia ser uma espécie de "farda de gala" cheia de bordados e vidrilhos, mas antes roupa como as pessoas usavam realmente, de chita, cotim e riscado, sem as saias de três metros e vinte quilos. Primeiro, foi convencer as dançadeiras a dançar com aquilo: porque isto não roda, porque não levanta, porque não brilha... Agora, quando vamos a palco junto com outros ranchos, os comentários do público são sempre: "que lindos meninos", "dançam tão bem", "que linda chula", "mas a roupinha do rancho X é muito mais bonita, tendes que fazer umas sainhas mais vistosas". E andamos nisto! E convencer as pessoas que nenhuma mulher foi nunca para o campo com uma saia pesadona? E que trajes bonitos e decorados, e ouro por todo o lado, só algumas lavradeiras ricas realmente tinham? É assim, o que conta é o show-off.
Desculpe o desabafo. Parabéns e boa continuação.
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